A falta de órgãos disponíveis para transplante é um dos maiores desafios da Saúde Pública brasileira e, em função da desinformação, esse problema pode ser cada vez maior, uma vez que parte considerável dos órgãos são perdidos por conta da falta de informação das famílias dos potenciais doadores. Neste sentido, a professora Maria da Consolação Vieira, titular aposentada do Departamento de Clínica Médica, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, destacou em palestra, realizada em 2018, que em Minas Gerais 27% das doações não acontecem pela falta de autorização da família.
É fundamental que o sentido de solidariedade entre as pessoas prevaleça quando o assunto é doação de órgãos, uma vez que ela é uma manifestação de solidariedade e de compaixão, que revela o poder do amor ao próximo em salvar e transformar vidas. Este ato de generosidade, que envolve a doação de órgãos e tecidos de um indivíduo para outra pessoa, que necessita de um transplante, é um gesto de profunda solidariedade com o ser humano.
Por este motivo, para quem deseja ser um doador, algumas dicas são muito importantes:
- Conhecimento a respeito do processo de doação:
Você precisa ser o primeiro a saber os passos necessários para doação que, de acordo com o Ministério da Saúde, são os seguintes:
- Identificação do potencial doador;
- Confirmação da morte encefálica;
- Consentimento da família;
- Manutenção do doador;
- Captação dos órgãos;
- Distribuição dos órgãos;
- Transplantes.
O conhecimento desses temas será decisivo para o próximo passo que é o seguinte:
- Conscientização dos familiares:
No Brasil, a doação de órgãos somente pode ocorrer com a autorização dos familiares, por isso, fazer conhecer o desejo de se tornar um doador para o maior número possível de pessoas da família é condição indispensável para que o ato seja concretizado. Assim sendo, o conhecimento a respeito do processo deve ser tratado abertamente com os seus familiares.
O tema da morte é tratado como um tabu na cultura ociental, muito em função de superstições que fazem com que algumas pessoas acreditem que falar do assunto pode adiantar o processo de conclusão da existência. Em razão disso, a quebra dessas barreiras é primordial para que o número de doadores de órgãos cresça no Brasil.
Além da informação, é necessário eliminar a desinformação a respeito de doação de órgãos entre familiares e amigos, vejamos alguns mitos a respeito de doação de órgãos no Brasil:
- Mitos e verdades a respeito da doação:
Mito: Os médicos não se esforçarão para salvar a vida de um doador.
Realidade: Os médicos são capacitados e formados para salvar vidas. Além disso, o processo de doação somente ocorrerá após a constatação da morte encefálica.
Mito: A doação de órgãos desfigura o corpo do doador.
Realidade: Os procedimentos de remoção de órgãos são realizados com extremo cuidado e respeito ao doador, e o corpo é fechado e tratado de forma a não comprometer a aparência no funeral.
Mito: Religiões são contra a doação de órgãos.
Realidade: A maioria das religiões apoia a doação de órgãos como um ato de amor e solidariedade, ainda assim, é de grande importância que o assunto seja tratado nos locais de cultos.
Mito: Pessoas idosas ou com problemas de saúde não podem doar órgãos.
Realidade: Não há limite de idade específico para doação de órgãos, e cada caso é avaliado individualmente.
Mito: Pessoas famosas e ricas têm prioridade na lista de espera para transplantes.
Realidade: A distribuição de órgãos é baseada em critérios médicos objetivos, como compatibilidade, gravidade do paciente e tempo de espera. O processo é regulamentado e supervisionado para garantir que seja justo e transparente, a lista é única, organizada por estado ou região, e monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT).
Finalmente, mais do que conhecimento e combate à desinformação, a doação de órgãos é um gesto de profundo amor pelo próximo. A existência humana é relativamente curta e a doação de órgãos é uma maneira de deixar um legado de amor e de compaixão pelo próximo.