Em 2024, a resistência antimicrobiana (RAM) já é considerada uma das 10 maiores ameaças à saúde global pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Estima-se que, até 2050, 10 milhões de pessoas poderão morrer anualmente por causa de infecções intratáveis por microrganismos resistentes. Um número maior ainda do que as mortes por câncer e o diabetes combinados.
Para profissionais da saúde, como fisioterapeutas que desejam migrar para a microbiologia, entender esse cenário é crucial. Este artigo explora as causas da RAM, estratégias para combatê-la e como se especializar nessa área que une ciência, tecnologia e impacto social.
O que é resistência antimicrobiana?
A resistência antimicrobiana ocorre quando bactérias, vírus, fungos ou parasitas desenvolvem a capacidade de sobreviver a medicamentos como antibióticos, antivirais ou antifúngicos, tornando tratamentos ineficazes.
Esse fenômeno é acelerado por fatores como o uso excessivo de antibióticos, prescrições inadequadas, como antibióticos prescritos para infecções virais. Além da falta de saneamento básico, que dissemina microrganismos resistentes.
Principais causas da resistência antimicrobiana
A automedicação é um problema sério no Brasil, de acordo com dados da Fiocruz, o Brasil está em 17º lugar no ranking de automedicação. Esse hábito contribui significativamente para o desenvolvimento da resistência antimicrobiana.
Outro fator preocupante é a falta de investimento em novos fármacos. A falta de higiene hospitalar também agrava a situação, pois equipamentos mal esterilizados facilitam a propagação de superbactérias, colocando em risco a saúde dos pacientes.
Esses fatores combinados destacam a importância de ações coordenadas para enfrentar a resistência antimicrobiana, incluindo o uso responsável de antibióticos, melhorias na higiene hospitalar e um aumento no investimento em pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos.
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O impacto da resistência antimicrobiana na saúde
Pacientes com infecções resistentes enfrentam uma série de desafios. Os tratamentos são prolongados, como no caso de uma pneumonia comum, que pode requerer apenas 7 dias de antibióticos, enquanto uma versão resistente pode demandar até 21 dias de tratamento.
Além disso, os riscos cirúrgicos aumentam consideravelmente; procedimentos como cesáreas ou implantes de próteses de quadril tornam-se muito mais perigosos devido ao alto risco de infecções.
Outro fator crítico é a mortalidade elevada. Segundo um estudo da Global Sepsis Alliance, a sepse mata 11 milhões de pessoas por ano, sendo 50% dos casos associados a patógenos resistentes. Esses dados ressaltam a gravidade da resistência antimicrobiana e a necessidade urgente de abordagens inovadoras e eficazes para seu combate.
Como isso afeta a saúde pública?
Os custos associados ao tratamento de infecções resistentes são enormes. Isso reflete não apenas os gastos diretos com tratamentos prolongados e medicamentos mais caros, mas também os custos indiretos, como perda de produtividade e necessidade de cuidados prolongados.
Além disso, a resistência antimicrobiana pode levar ao colapso dos sistemas de saúde. Hospitais superlotados enfrentam falta de leitos para pacientes críticos, o que dificulta o atendimento adequado e aumenta o risco de complicações e mortalidade. Essas situações ressaltam a urgência de medidas eficazes para combater a resistência antimicrobiana e proteger a saúde pública.
Estratégias de prevenção na prática clínica
Profissionais da saúde podem adotar diversas estratégias para combater a resistência antimicrobiana. Nesse sentido, é essencial o uso racional de antibióticos, prescrevendo-os apenas após a realização de testes de sensibilidade, como o antibiograma, para garantir a eficácia do tratamento.
A higienização rigorosa também é fundamental; o uso de álcool 70% e clorexidina pode reduzir consideravelmente a transmissão de MRSA (Staphylococcus aureus resistente à meticilina).
Além disso, a educação de pacientes é importante. Campanhas de conscientização sobre os riscos da automedicação podem ajudar a diminuir o uso inadequado de antibióticos.
Por fim, os programas de monitoramento são altamente eficazes. Equipes multidisciplinares, que monitoram e orientam o uso de antibióticos em hospitais, podem contribuir significativamente para a redução desse problema.
Essas medidas combinadas são fundamentais para enfrentar esse desafio global e proteger a eficácia dos tratamentos antimicrobianos no futuro.
Tecnologias inovadoras para combater a resistência antimicrobiana
O diagnóstico rápido é uma ferramenta fundamental na luta contra a resistência antimicrobiana. Dessa forma, kits que ajudam a identificar patógenos e genes de resistência em apenas uma hora permitem um tratamento mais preciso e eficaz.
Além disso, a terapia por bacteriófagos, que utiliza vírus que infectam bactérias, está sendo testada na Europa como uma solução promissora para tratar infecções resistentes.
A inteligência artificial também desempenha um papel crucial nesse cenário. Plataformas como a DeepMind, do Google, prometem ser capazes de prever mutações bacterianas, o que facilita o desenvolvimento de novos fármacos.
Outro avanço tecnológico são as nanopartículas, como as de prata e óxido de zinco, que destroem biofilmes bacterianos sem a necessidade de antibióticos. Essas inovações representam passos significativos na busca por soluções eficazes contra a resistência antimicrobiana.
Como trabalhar nessa área?
A microbiologia clínica é um campo em expansão se você busca especialização. Os salários para microbiologistas variam de R$ 4.500,00 a R$ 15.000,00 por mês em hospitais privados ou como pesquisadores.
As oportunidades são diversificadas. Em hospitais, é possível atuar em comissões de controle de infecção. Na indústria farmacêutica, há a possibilidade de participar de pesquisas de novos antimicrobianos. Em órgãos públicos, a elaboração de políticas de saúde é uma área importante de atuação.
Para se especializar, uma pós-graduação em Microbiologia pela São Camilo, que oferece um curso EAD com módulos em resistência bacteriana, é uma excelente opção!