A nutrição parenteral é a nutrição administrada por via intravenosa, quando a alimentação é introduzida diretamente na veia, na corrente sanguínea. A nutrição parenteral pode ser parcial, quando fornece somente parte das necessidades nutricionais diárias em complemento à ingestão oral; ou total, quando supre todas as necessidades nutricionais diárias.
O Dr. David R. Thomas , do St. Louis University School of Medicine, diz que a nutrição parenteral não deve ser utilizada rotineiramente em pacientes com trato gastrintestinal intacto. Em comparação à nutrição enteral, a nutrição parenteral tem as seguintes desvantagens:
- Causa mais complicações.
- Não preserva a estrutura e a função do trato gastrintestinal.
- É mais cara.
O Dr. Thomas, que é especializado em Geriatria, diz que a Nutrição Parenteral Total só deve ser indicada para pacientes com trato gastrintestinal não funcionante ou que apresentam distúrbios que requerem repouso intestinal, como esses:
- Alguns estágios da colite ulcerativa
- Obstrução intestinal
- Determinados distúrbios gastrointestinais pediátricos (anomalias congênitas, diarreia prolongada, sejam quais forem suas causas, etc.)
- Síndrome do intestino curto decorrente de cirurgia.
Possíveis complicações na Nutrição Parenteral
Por ser administrada diretamente na circulação sanguínea, a terapia de nutrição parenteral é um método invasivo que obriga o estabelecimento de protocolos rígidos dos procedimentos envolvidos. Entre as possíveis complicações, temos aquelas relacionadas com o cateter, com a estabilidade da formulação e sua interação com medicamentos, aquelas de origem metabólica ou nutricional e relacionada a diferentes órgãos.
As complicações relacionadas ao cateter incluem infecção, oclusão, trombose da veia central, embolia pulmonar e sepse. A mais comum é a infecção causada pelo cateter por causa da má assepsia no ambiente, na manipulação da dieta, nos acessórios utilizados, na pele ao redor da inserção do cateter. Quanto à estabilidade da formulação, a Portaria nº 272 regulamenta os requisitos mínimos exigidos para a terapia de nutrição parenteral e estabelece padrões rigorosos para o acondicionamento, manipulação e exatidão nas informações do rótulo da nutrição parenteral.
Cuidados da Enfermagem da Nutrição Parenteral
Vê-se que é fundamental o treinamento dos profissionais de enfermagem que manipulam diariamente os cateteres e a existência de protocolos rigorosos de cuidados. As enfermeiras Thais Vilela de Sousa e Georlúcya Kátia da Silva Ferreira elaboraram um documento com os Cuidados da Enfermagem na Nutrição Parenteral que hoje é distribuído na rede de hospitais universitários do Governo Federal. O documento estabelece os cuidados que o Enfermeiro deve observar antes e durante a instalação do procedimento.
Cuidados Antes da Instalação da Nutrição Parenteral
Garantir o acesso:
- Periférico – indicado para soluções com osmolaridade até 800-900mOsm/L
- Central – Osmolaridade superior a 700mOsm/L
- Certificar-se do recebimento em tempo hábil para administração;
- A bolsa deve ser mantida em sua embalagem plástica até o momento da manipulação e sua aclimatação deve ser feita no posto de enfermagem;
- O sítio de inserção do cateter deverá ser inspecionado para detecção precoce de complicações relacionadas (a depender da cobertura).
Cuidados Durante a Instalação da Nutrição Parenteral
No posto de enfermagem:
- Limpeza da superfície de preparo;
- Higiene de mãos e paramentação;
- Inspeção da bolsa;
- Confecção do rótulo com nome do paciente, volume total de infusão, data e hora, gotejamento de acordo com prescrição e nome do profissional que instalou;
- Diluição de forma correta (de acordo com o fabricante e sem danificar a bolsa);
- Colocação do equipo de forma asséptica e preenchimento do mesmo pela solução parenteral;
Com o paciente:
- Higienizar as mãos, paramentar-se;
- Parar a infusão em curso, se houver;
- Fechar/clampear a via, se não houver clamp proximal solicitar ao paciente que realize a manobra de Valsalva;
- Realizar desinfecção da conexão do acesso com álcool;
- Mantendo a cadeia asséptica, desconectar o equipo usado;
- Mantendo a cadeia asséptica, injetar 20ml de soro fisiológico;
- Mantendo a cadeia asséptica, conectar novo equipo;
- Realizar desinfecção com álcool à 70% da bomba de infusão, programá-la e iniciar a infusão.
Esses cuidados e procedimentos são realizados, tendo-se em mente que:
- A infusão é contínua, não interromper a mesma na realização de exames, procedimentos e outros;
- Dentro do serviço de enfermagem, a administração é privativa do enfermeiro;
- A administração deve durar 24h e deve-se fazer o controle de trocas;
- Deve se eleger uma via para a infusão exclusiva da solução parenteral;
- A solução parenteral deve ser infundida por fluxo controlado (em bomba de infusão) de acordo com a prescrição médica (conferência diária da vazão prescrita).
Se você é profissional da Enfermagem e tem interesse em aprender sistematização de enfermagem ao paciente submetido a terapia nutricional enteral ou parenteral, conheça a Pós-graduação em Enfermagem em Nutrição Enteral e Parenteral do Centro Universitário São Camilo.