No início de setembro, manchas de óleo começaram a surgir nas praias do litoral nordestino. Posteriormente, amostras da substância indicaram que se tratava de petróleo cru. O poluente foi identificado em uma faixa de mais de 2 mil km da costa brasileira e já atingiu todos os Estados nordestinos, afetando a vida de animais marinhos e causando impactos negativos na pesca, na fauna e no turismo.
De acordo com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), os primeiros registros surgiram em 30 de agosto na Paraíba, nas praias de Tambaba e Gramame, no município de Conde, e na Praia Bela, em Pitimbu. Para investigar a origem das manchas de óleo, imagens de satélite da costa brasileira foram analisadas, porém não mostraram indícios da substância na superfície marinha. O resultado da análise pelo Ibama reforça então a teoria de que o óleo não veio boiando pelo oceano até atingir as praias, mas submerso, o que dificulta a localização da origem do vazamento.
A Petrobras anunciou ter recolhido 200 toneladas de resíduos de óleo e diz que, desde 12 de setembro, mobilizou 1,7 mil agentes ambientais para a limpeza das praias e 50 funcionários para planejar a resposta ao desastre ambiental. Em entrevista ao G1, a oceanógrafa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Maria Christina Araújo, alerta que o ecossistema do litoral brasileiro é frágil. “No manguezal, um ambiente com biodiversidade excepcional, é praticamente impossível remover o óleo. O dano pode ser irreparável e os ecossistemas levarão anos para se recuperar”, afirma.
Ameaça à vida animal
O óleo já atingiu, pelo menos, três variedades de tartarugas: a tartaruga-verde, a tartaruga-oliva e a tartaruga-cabeçuda. Mais de 20 delas foram encontradas mortas ou morreram após o resgate. Uma ave bobo-pequeno ou fura-bucho (Puffinus puffinus), conhecida pela longa migração, também foi resgatada. Além disso, a substância também ameaça o peixe-boi marinho, mamífero dos oceanos com maior risco de extinção no Brasil. O número total de óbitos é subestimado porque grande parte dos animais mortos não chega até a costa.
O que se sabe sobre o vazamento?
Barris da empresa Shell foram encontrados com óleo que, segundo análise da Universidade Federal de Sergipe, eram a mesma substância identificada nas praias. Contudo, a Shell afirmou que provavelmente seus barris foram reutilizados por terceiros, pois não faz reaproveitamento de embalagens. “Tratam-se de embalagens de lubrificante para embarcações, de um lote não produzido no Brasil. Vale ressaltar que o próprio adesivo em um dos tambores encontrados em Sergipe traz a data de 17/02/2019 associada ao transporte do lubrificante Argina S3 30, e que a mancha de óleo cru que está atingindo o litoral começou a impactar a costa em setembro. Isso aponta para uma possível reutilização da embalagem em questão – reutilização esta que não foi feita pela Shell”, justificou a Shell ao site G1.
Após a análise de imagens de satélite, um servidor do Ibama disse que há duas hipóteses: houve um naufrágio e o óleo está sendo liberado a partir do fundo do mar, ou algum navio teve uma avaria e foi preciso despejar sua carga. Nas duas situações o transporte estava sendo feito de maneira clandestina. A investigação prosseguirá sendo conduzida pela Marinha, já a questão a criminal será apurada pela Polícia Federal. Neste processo, o Ibama fica responsável pelo balanço de localidades atingidas, dos animais ameaçados pelo óleo e pelo monitoramento de imagens do oceano.
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Imagem: Reprodução/ TV Globo