Imagine você naquele churrasco bacana, tomando sua cerveja e comendo carne. Maminha, costela, alcatra, picanha. Lá pelas tantas, seu cunhado pergunta se você sabe o que está comendo? “É carne!” — você responde enfático sem entender o motivo da pergunta. “É carne, mas que tipo de carne?” — ele retruca sem disfarçar o sorriso e você se pergunta do que mais seria, senão de boi ou vaca? Será que ele ousou comprar carne de algum animal exótico?
Finalmente, depois de fazer suspense por vários minutos, ele revela o mistério: “É carne, mas não é de boi, vaca ou de qualquer animal. É carne feita em laboratório”.
"É carne de mentira? Carne fake?”— você questiona tentando assimilar a novidade.
“Não, é carne de verdade, tão real, nutritiva e saborosa como carne de boi. É carne, só que feita em laboratório” — ele responde sem titubear e você recebe atônito as boas-vindas ao futuro que acabou de chegar.
Carne de laboratório é a solução?
Talvez você não tenha percebido, mas há uma preocupação crescente em relação ao esgotamento ou insuficiência dos recursos naturais necessários para alimentar uma população que chegará aos 8 bilhões de pessoas em Novembro de 2022.
Além disso, é cada vez maior a pressão dos movimentos em defesa dos animais contra a criação em cativeiro, transporte e abate de bois, vacas, frangos, porcos e outros bichos que forneceram mais de 330 milhões de toneladas de carne para alimentação no ano de 2017.
Apesar de muitos apostarem no crescimento do veganismo e na diminuição do consumo de carne, as pesquisas mostram o contrário — como informa o G1:
“A previsão é que o consumo de proteína per capita no mundo aumente de 32,9 quilos ao ano (dado registrado em 2015) para 33,1 quilos em 2025. A demanda por frango, laticínios, suínos e outros produtos de origem animal deve ter um aumento de quase 70% até 2050, segundo a ONU. No ano passado, foram consumidas 479 milhões de toneladas de proteína no planeta.”
Então, como resolver a equação: aumento do consumo de carne + preocupação com os animais + cuidado com o meio ambiente? Uma das respostas possíveis é: carne de laboratório.
Mas, carne de laboratório é carne de verdade?
Aline Bruna da Silva é responsável pela condução de pesquisas com carne cultivada, também conhecida como carne de laboratório. Mestre e doutora em Ciência e Engenharia de Materiais, ela responde com clareza a pergunta acima:
“A carne cultivada é uma carne para consumo humano, produzida a partir do cultivo de células animais em laboratório. Essa é uma nova frente tecnológica que utiliza técnicas de reprodução da engenharia de tecidos, combinando materiais e células, para obtenção de carne idêntica à carne convencional. Ou seja, é simplesmente carne” — explicou numa entrevista ao jornal Estado de Minas.
Uma das pioneiras na pesquisa do alimento no Brasil, Aline Bruna da Silva defende que o desenvolvimento de novas tecnologias do setor de alimentação é uma questão de sobrevivência. Além de ser carne de verdade, a “carne de laboratório” também:
- não tem necessidade de sacrifício de animais,
- é obtida em ambiente limpo,
- vem livre de doenças,
- é produzida sem o uso de antibióticos,
- não tem necessidade da criação de animais para obtenção de carne,
- traz benefícios para a saúde e para o meio ambiente,
- tem níveis controlados de gordura e colesterol,
- pode ser fortificada com vitaminas e minerais.
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