Eu posso te falar sobre a importância de cada mês que compõe o ano, cada ciclo, cada fase. Assim como posso te contar que todas as fases de desenvolvimento do ser humano são igualmente importantes: todo acontecimento, toda descoberta, todo ciclo também, todo ano e evolução que vem com ele. A fase infantil, a de pré-adolescência, a adolescência, a adulta e a melhor idade. Todas elas apresentam seus desafios, de maneira explícita ou não. E para cada um desses desafios, há que se ter a devida atenção, para que os traumas futuros gerados sejam os menores possíveis.

Tá, mas o que eu quero dizer com isso tudo? 

Vou falar sobre um mês em específico, aliado a uma fase específica. 

Talvez você já saiba do que se trata agora. 

Não?

Ok.

 

Setembro e outros meses… e o que a gente tem a ver com isso

Sempre que chega essa época do ano, surgem assuntos relativos a vários transtornos. Sejam eles transtornos de personalidade, transtornos sociais, psíquicos ou outros males que afetam as possibilidades de convívio social dos indivíduos.

E sim, a gente precisa continuar se importando e dando ênfase ao setembro amarelo, e não só a esse mês, mas a todos os outros. 

Há danos que podem se tornar irreversíveis caso não seja dada a devida atenção. 

E cada um de nós, mesmo não se tratando de especialistas da psique humana, podemos dar nossa contribuição. Seja ouvindo, não ignorando, seja acolhendo e pensando em formas de encaminhar e dar suporte a quem chegar apresentando certos sinais de que precisa de ajuda psicológica.


A autolesão e a adolescência

A adolescência é um dos ciclos mais complexos no desenvolvimento humano. Onde tudo é atravessado por um sentimento de despertencimento; acontecem inúmeras reconfigurações subjetivas; além do fato de que fisiologicamente há mudanças extremamente significativas. 

Isso, combinado com a obrigação de continuar partilhando toda a vivência com os grupos a que se pertence, pode resultar em um sentimento de repulsa e auto repulsa. 

E é nesse momento que podem surgir comportamentos autodestrutivos, como forma de aliviar tensões e traumas que ficaram guardados por um tempo.

Para responder às dores causadas por esse sentimento de inadequação e obrigações sociais, os jovens recorrem a um dos mecanismos que, aparentemente, o ajudam a externar o que sentem: a autolesão. 

Que consiste em causar a si mesmos pequenas lesões, de forma continuada, normalmente em locais não tão acessíveis (como parte interna da coxa, pulso e antebraço). 

Esse comportamento não é considerado suicida, no entanto, há aí sinais de transtornos psíquicos. 

E no Brasil, só em 2019 foram registrados 124.709 casos de autolesão. 


Mas como posso identificar e interagir de forma mais adequada?

O ideal para tratar esse transtorno autodestrutivo é encaminhar para um acompanhamento especializado.

Mas você, aí de onde se encontra, ao se deparar com casos assim, pode ajudar de algumas formas, a fim de não potencializar e ajudar a amenizar: 

– Perguntando se há algo que possa fazer. E se a pessoa pensa em suicídio quando provoca em si mesma essas lesões. 

– Não tornando isso um grande evento. Tratar de maneira mais atenciosa e menos chamativa possível

– Não expor a pessoa, de maneira alguma.

– Não achar que ela quer chamar a atenção. E não menosprezar.

– Procurar se informar melhor sobre o caso e sobre a pessoa em questão. 

 

E, sempre, sempre estar pronta para ouvir se alguém chegar até você com o propósito de compartilhar algo importante. 

Mas atenção! Não só em Setembro.


 

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