Você sabia que trilhões de microrganismos no seu intestino podem estar influenciando seu peso? A microbiota intestinal, composta por bactérias, fungos e vírus, é hoje considerada um "órgão invisível" essencial para a saúde.
Estudos recentes mostram que pessoas com obesidade têm uma composição bacteriana diferente daquelas com peso saudável, sugerindo que equilibrar essa comunidade microscópica pode ser a chave para o controle de peso.
Neste artigo, vamos descobrir como a microbiota intestinal age no metabolismo, quais alimentos fortalecem sua saúde e como profissionais da saúde podem usar esse conhecimento para revolucionar tratamentos de emagrecimento saudável.
Qual é o papel da microbiota intestinal no corpo?
O intestino é muito mais que um órgão digestivo: é um ecossistema complexo, repleto de microrganismos que influenciam desde a imunidade até o humor.
A microbiota intestinal, formada por trilhões de bactérias, vírus e fungos, está ganhando destaque na ciência como peça-chave para a saúde global e, surpreendentemente, para o controle de peso.
No Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Coloproctologia, os casos de doenças inflamatórias intestinais aumentaram cerca de 15% nos últimos 10 anos.
Nesse sentido, entender como equilibrar essa comunidade microscópica pode ser a resposta para desafios como obesidade, compulsão alimentar e até fadiga crônica.
A microbiota intestinal tem funções essenciais:
- Ela auxilia na digestão ao produzir ácidos graxos de cadeia curta, fortalecendo as células do cólon;
- Regula o sistema imunológico, já que 70% das células imunes estão no intestino;
- Sintetiza vitaminas B12 e K e influencia o metabolismo, controlando a extração de calorias e o armazenamento de gordura.
Microbiota e prevenção da obesidade
A disbiose, caracterizada pelo desequilíbrio entre as populações de microrganismos presentes no intestino, tem sido amplamente associada à obesidade, revelando o papel que a microbiota intestinal desempenha na regulação do peso corporal e do metabolismo.
De acordo com um estudo brasileiro publicado na plataforma SciELO, pacientes obesos apresentam uma proporção significativamente maior de bactérias do filo Firmicutes em comparação com Bacteroidetes.
Essa predominância de Firmicutes é relevante porque essas bactérias possuem maior capacidade de extrair calorias dos alimentos, o que pode contribuir para o acúmulo de gordura e, consequentemente, para o ganho de peso.
Por outro lado, os Bacteroidetes estão associados a uma menor eficiência na extração de energia, sendo mais comuns em indivíduos magros.
Além disso, o eixo intestino-cérebro é um mecanismo fundamental na compreensão dessa relação. A microbiota intestinal é responsável pela produção de neurotransmissores, como a serotonina, que desempenham papéis importantes na regulação do apetite, do humor e do comportamento alimentar.
Desequilíbrios nesse eixo podem alterar os sinais enviados ao cérebro, favorecendo padrões alimentares desregulados, como compulsão por alimentos calóricos, e contribuindo para a obesidade.
Essas descobertas reforçam a importância de cuidar da saúde intestinal, seja por meio de uma dieta balanceada rica em fibras e alimentos fermentados, seja pelo uso consciente de probióticos. Esse tipo de abordagem pode ser uma ferramenta poderosa no manejo e prevenção da obesidade, destacando a microbiota como um novo e promissor alvo terapêutico.
Microbiota e metabolismo energético
As bactérias intestinais exercem um impacto significativo no metabolismo humano, influenciando a saúde e o equilíbrio do organismo.
Um dos principais mecanismos é a produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), como butirato e propionato, que aumentam a sensibilidade à insulina, contribuindo para o controle do açúcar no sangue, e ajudam a reduzir inflamações, protegendo o organismo contra doenças metabólicas.
Por outro lado, em situações de disbiose, ocorre um aumento dos lipopolissacarídeos (LPS), que em excesso podem desencadear inflamação crônica e resistência à leptina, o hormônio que regula a saciedade, levando ao risco de ganho de peso.
Assim, pessoas com microbiota pobre em diversidade têm mais chance de ganhar peso, reforçando a importância de manter uma microbiota equilibrada e saudável.
Para fortalecer esse ecossistema intestinal, recomenda-se a inclusão de alimentos que atuem como prebióticos, como alho, cebola, banana verde e aveia, que alimentam as bactérias benéficas. Alimentos probióticos, como iogurte natural, kefir e chucrute, contêm microrganismos vivos que ajudam a repor e manter a microbiota diversificada.
A ingestão de fibras, de 25 a 30 gramas por dia, conforme orientação da OMS, também é essencial para a saúde intestinal. Exemplos incluem grãos integrais, linhaça e vegetais como brócolis.
Vale destacar que a dieta tradicional brasileira, composta por alimentos como arroz, feijão e mandioca, é naturalmente rica em fibras e contribui para a saúde intestinal.
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Como os probióticos ajudam no emagrecimento?
Certas cepas probióticas possuem efeitos específicos que podem beneficiar a saúde, especialmente em contextos metabólicos. Por exemplo, o Lactobacillus gasseri demonstrou, em um estudo, ser eficaz na redução da gordura abdominal, alcançando uma diminuição de 8,5% em apenas 12 semanas.
Já o Bifidobacterium lactis é conhecido por sua capacidade de melhorar a tolerância à glicose, tornando-se uma opção promissora no suporte a condições como o pré-diabetes.
No entanto, é importante lembrar que nem todos os probióticos são iguais. Cada cepa oferece benefícios diferentes, e o uso inadequado pode causar problemas.
Por isso, suplementos probióticos devem ser recomendados por nutricionistas ou profissionais de saúde capacitados, uma vez que cepas inadequadas podem agravar sintomas como inchaço ou desconforto intestinal, em vez de trazerem melhorias.
Como escolher acompanhamento profissional?
Uma abordagem multidisciplinar é essencial para promover um tratamento eficaz e completo que envolva a saúde intestinal e o controle do peso.
Nutricionistas têm um papel central ao personalizar dietas que priorizam alimentos ricos em prebióticos e fibras, fundamentais para nutrir a microbiota e melhorar o metabolismo.
Já os gastroenterologistas são responsáveis por diagnosticar condições como a disbiose, utilizando ferramentas como o teste de hidrogênio expirado para identificar desequilíbrios microbianos.
Por sua vez, os endocrinologistas avaliam hormônios relacionados ao eixo intestino-cérebro, como a leptina e a serotonina, essenciais para a regulação do apetite e do humor. Essa interação entre especialistas permite uma visão integrada das necessidades do paciente, abordando aspectos nutricionais, metabólicos e hormonais de forma coordenada.
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