O que acontece quando se coloca acesso facilitado à Internet, a tentação das redes sociais e crianças precoces em um mesmo momento temporal? Isso mesmo: nascem os influenciados mirins. Esse grupo - que fica maior a cada dia - varia em gênero, idade e conteúdo, mas todos que fazem parte dele têm presença nas mídias, milhões de seguidores e o poder de influenciar esse grande público.

Pode parecer inofensivo, mas a prática já chamou a atenção da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Não é novidade para a área da saúde relacionar o aumento de patologias infantis com o acesso das crianças a dispositivos eletrônicos, mas a situação atual requer ainda mais atenção e cuidado da parte dos profissionais da área - principalmente dos enfermeiros pediátricos!

Os problemas de saúde mais comuns entre os influenciadores mirins e o papel do enfermeiro pediátrico

  • Fadiga Ocular Digital: 

O aumento de problemas visuais em crianças não começou com os influencers, mas os números se agravam conforme surgem mais produtores de conteúdo menores de idade. O cenário é exemplificado em uma reportagem divulgada pela CNN Brasil: mais de um terço da população mundial de jovens apresentou miopia, número significativamente maior do que os dados de 1990.

Criar material para as redes exige edição. O processo é indispensável e demanda horas a fio com os olhos presos nas telas. A exposição à luz azul emitida pelos dispositivos móveis danifica a retina e pode causar ressecamento dos olhos, dores de cabeça e até miopia precoce. O enfermeiro pediátrico entra em cena quando os pais correm para o hospital com filhos se queixando desses sintomas. 

Nesse momento, três atitudes são imprescindíveis para o profissional da saúde: fazer os questionamentos certos para chegar a raiz do problema, saber passar informação e tranquilidade para o responsável e para criança e fazer o encaminhamento para o oftalmologista.

 

  • Lombalgia: 

Cientificamente, é comprovado que muitas horas sentado, má postura e falta de exercícios causam dores e, com o passar do tempo, lesões na coluna. Em entrevista para o El País, pais relataram que influencers mirins passam boa parte do dia sentados produzindo, editando e acompanhando conteúdos.

Segundo o ISaúde, entre 27% e 51% das crianças e adolescentes do mundo apresentam algum grau de lombalgia, antigamente não mais de 11% dessa população sofria com o problema. Os sintomas disparam alertas nos pais, que querem baterias de exames, fisioterapeutas, remédios e uma cura milagrosa para seus filhos.

Quando esse responsável chega no hospital, os enfermeiros pediátricos precisam de tato para manusear esses sentimentos. Com conhecimento e atenção, eles reconhecem que a origem da dor não é uma má formação ou problema neurológico. Assim podem prestar assistência adequada e instruir sobre como aliviar os sintomas a longo prazo, sem submeter a crianças a procedimentos e medicamentos que podem ter efeitos colaterais sérios.
 

  • Ansiedade, estresse, baixa autoestima, compulsão e impulsividade: 

Macaco vê, macaco faz. Essa expressão popular descreve muito bem como os influencers mirins afetam a própria saúde e a saúde de seus seguidores, tanto física quanto psicologicamente. 

Ao divulgar um estilo de vida, produtos, padrão de beleza, comida ou hábitos, os influencers estão - conforme o próprio nome diz - influenciando outros a viver, comprar, ser, comer e fazer certas coisas de uma determinada forma. O problema é quando as condições de uma pessoa não podem ser aplicadas a outra. Nesses casos, a frustração e as consequências podem gerar problemas psicológicos que, por sua vez, causam sintomas físicos. 

Tudo que leva uma criança a se comparar com o um um ideal utópico e as fazem sentir que. precisam fazer ou ser algo diferente causa ansiedade e, consequentemente, distúrbios alimentares, insônia, dores de cabeça, crises, sintomas cardíacos e depressão. Recentemente, o jornal digital Cadena Ser publicou a informação de que 47% da população mundial de crianças têm ansiedade e/ou depressão, o aumento em relação há pouco tempo atrás chama a atenção de especialistas da pediatria.

O consumismo, a compulsão e a impulsividade também preocupam. Seja para largar a escola ou se inscrever em plataformas de apostas (o famigerado Tigrinho), as crianças da internet têm um poder muito grande umas sobre as outras. A SBP explicita os riscos desses cenários, onde menores tomam para si hábitos que fazem mal para seus corpos, seu desenvolvimento social e psicológico.

Enfermeiros pediátricos precisam de cautela para lidar com crises de ansiedade e direcionar o paciente menor de idade para tratamento psicológico e nutricional. Se necessário, é de sua alçada auxiliar outros membros da pediatria a introduzir um tratamento imediato para lidar com sintomas que diminuam a qualidade de vida e dificultam a recuperação da saúde mental. 

                   

Estudo de caso: uma ocorrência real pode estar mais perto do que você imagina

Anthony, 9 anos de idade, deu entrada no pronto socorro com queixas de dor de cabeça, ardência e vermelhidão nos olhos. Logo na triagem, foi questionado à mãe sobre o tempo que o jovem ficava em frente às telas. A resposta foi: se ele não está na escola, está com um celular na mão.

Refletindo, a responsável concluiu que o filho passava de 5h a 12h por dia jogando e assistindo vídeos no Tik Tok. Segundo ela, a criança até tem outros interesses, mas larga tudo pelo celular. Além dos sintomas físicos, a equipe do hospital também averiguou introversão e pouca comunicação no paciente.

Na ocasião, os enfermeiros pediátricos foram fundamentais para o processo de diagnóstico. Suas primeiras perguntas focaram no uso do aparelho celular e, a partir da resposta, trataram a dor de cabeça com medicação de uso pediátrico - visando o bem estar da criança - e o encaminharam para um oftamologista.  

 

Conclusão

Os influencers mirins ganharam seu espaço na internet e não vão abrir mão dele. Essas crianças ganham dinheiro com sua imagem e a atenção de milhões com apenas um vídeo, mesmo tendo que abrir mão de sua saúde no processo. 

Com uma atitude precocemente teimosa, não são pacientes fáceis de se lidar - e seus responsáveis são ainda mais difíceis. Nem sempre vão ouvir a equipe pediatra quando o assunto for diminuir o tempo de tela, procurar ajuda psicológica, melhorar a alimentação, tomar sol ou se atentar a postura, mas é dever do enfermeiro pediátrico guiá-los através disso. O que fica impossível sem o preparo técnico e prático que uma especialização oferece. 

Mais de 7 mil crianças nascem por dia no Brasil. Entre o parto e todas as ocorrências de saúde que vão enfrentar até atingirem a maioridade, os cuidados pediátricos serão fundamentais, assim como profissionais da área. 

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